Estou numa fase muito "interessante" da minha carreira.
Por um lado, ganhei um prémio na Austrália com o espectáculo “O Palhaço Escultor”.
Por outro lado, sinto que em Portugal não tenho público para o meu trabalho.
Agora estou num dilema: qual deverá ser a direcção do meu trabalho?
Criar espectáculos para apresentar fora de Portugal, onde me dão valor, ou criar espectáculos para o público português e ficar a trabalhar para o boneco?
Para mim não ter público é um problema muito grave.
Como eu não recebo qualquer apoio do estado, o público é que me paga o ordenado com os bilhetes que compra; nem todos podem criar coisas sem pensar no eventual público que vão ter, pois é... porque eu não faço cinema português!
Depois de pensar no assunto, chego à conclusão que em Portugal deve haver umas 3000 pessoas que vão aos meus espectáculos num ano (estou a ser optimista, claro).
1500 em Lisboa
500 no Porto
500 em Coimbra
500 no resto do pais
(todas as estimativas por excesso)
Na Austrália tive mais do que isso num dia e ainda recebi um prémio.
Em Edimburgo tenho 400 a 500 pessoas por espectáculo, com um ou dois espectáculos por dia, durante três semanas e meia.
Por muito que goste de Portugal, estes dados dão que pensar.
Quando se aproxima uma temporada no Teatro da Trindade, ainda penso mais nisso.
Será que vai aparecer alguém?
Vou vender bilhetes que cheguem para pagar a sala???
Caso venda poucos bilhetes, posso concluir uma coisa:
O sonho acabou...em Portugal.
Ou então começo a fazer filmes, 1000 espectadores para um filme apoiado pelo estado em um milhão de euros é o normal.
Mas não, eu gosto de ter público, quero partilhar o meu trabalho com o mundo, não gosto de fazer coisas só para um pequeno grupo de amigos.
Por isso, agora é só esperar para ver qual é a adesão ao meu trabalho.
Desculpa o meu desabafo, mas cada vez que volto a Portugal, depois de passar tempo fora, acontece isto:
Venho cheio de vontade de fazer coisas, de desenvolver novos projectos, de partilhar o que aprendi, acima de tudo, regresso cheio de entusiasmo criativo.
Mas basta um dia….ler um jornal…..ver uns minutos de televisão (feita em Portugal)….
Olhar à minha volta e ver:
Um País que é um paraíso para a corrupção e os corruptos, onde o povo os apoia e até os elege para cargos públicos.
Um País onde o sistema jurídico simplesmente não funciona, mas onde o povo gosta de seguir as novelas legais.
Um País onde os chico-espertos são valorizados e os competentes desprezados.
Um País onde nunca ninguém é responsabilizado por aquilo que faz, porque isso é coisa dos outros.
Um País onde a esperança num futuro melhor é coisa do passado.
E todo esse entusiasmo desaparece.
Ainda por cima, quando fora deste país as coisas funcionam.
Mas mesmo assim, vou tentar mais uma vez.
Vou fazer uma nova temporada no Teatro da Trindade.
Será a ultima?
Não sei, mas como a venda de bilhetes está a decorrer, é o mais certo
Vou terminar com o que digo sempre que acabo um espectáculo de rua por esse mundo fora:
"My name is Pedro.
I am from Portugal.
This is what I do for a living,
I am a Street Performer, and my job is to make people smile."
Haverá em Portugal mercado de trabalho para quem somente quer fazer sorrir?
;)
Por um lado, ganhei um prémio na Austrália com o espectáculo “O Palhaço Escultor”.
Por outro lado, sinto que em Portugal não tenho público para o meu trabalho.
Agora estou num dilema: qual deverá ser a direcção do meu trabalho?
Criar espectáculos para apresentar fora de Portugal, onde me dão valor, ou criar espectáculos para o público português e ficar a trabalhar para o boneco?
Para mim não ter público é um problema muito grave.
Como eu não recebo qualquer apoio do estado, o público é que me paga o ordenado com os bilhetes que compra; nem todos podem criar coisas sem pensar no eventual público que vão ter, pois é... porque eu não faço cinema português!
Depois de pensar no assunto, chego à conclusão que em Portugal deve haver umas 3000 pessoas que vão aos meus espectáculos num ano (estou a ser optimista, claro).
1500 em Lisboa
500 no Porto
500 em Coimbra
500 no resto do pais
(todas as estimativas por excesso)
Na Austrália tive mais do que isso num dia e ainda recebi um prémio.
Em Edimburgo tenho 400 a 500 pessoas por espectáculo, com um ou dois espectáculos por dia, durante três semanas e meia.
Por muito que goste de Portugal, estes dados dão que pensar.
Quando se aproxima uma temporada no Teatro da Trindade, ainda penso mais nisso.
Será que vai aparecer alguém?
Vou vender bilhetes que cheguem para pagar a sala???
Caso venda poucos bilhetes, posso concluir uma coisa:
O sonho acabou...em Portugal.
Ou então começo a fazer filmes, 1000 espectadores para um filme apoiado pelo estado em um milhão de euros é o normal.
Mas não, eu gosto de ter público, quero partilhar o meu trabalho com o mundo, não gosto de fazer coisas só para um pequeno grupo de amigos.
Por isso, agora é só esperar para ver qual é a adesão ao meu trabalho.
Desculpa o meu desabafo, mas cada vez que volto a Portugal, depois de passar tempo fora, acontece isto:
Venho cheio de vontade de fazer coisas, de desenvolver novos projectos, de partilhar o que aprendi, acima de tudo, regresso cheio de entusiasmo criativo.
Mas basta um dia….ler um jornal…..ver uns minutos de televisão (feita em Portugal)….
Olhar à minha volta e ver:
Um País que é um paraíso para a corrupção e os corruptos, onde o povo os apoia e até os elege para cargos públicos.
Um País onde o sistema jurídico simplesmente não funciona, mas onde o povo gosta de seguir as novelas legais.
Um País onde os chico-espertos são valorizados e os competentes desprezados.
Um País onde nunca ninguém é responsabilizado por aquilo que faz, porque isso é coisa dos outros.
Um País onde a esperança num futuro melhor é coisa do passado.
E todo esse entusiasmo desaparece.
Ainda por cima, quando fora deste país as coisas funcionam.
Mas mesmo assim, vou tentar mais uma vez.
Vou fazer uma nova temporada no Teatro da Trindade.
Será a ultima?
Não sei, mas como a venda de bilhetes está a decorrer, é o mais certo
Vou terminar com o que digo sempre que acabo um espectáculo de rua por esse mundo fora:
"My name is Pedro.
I am from Portugal.
This is what I do for a living,
I am a Street Performer, and my job is to make people smile."
Haverá em Portugal mercado de trabalho para quem somente quer fazer sorrir?
;)