quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Gravidas na Discoteca!!

Ha pois é!!! Finalmente lembram-se da gente!!! EU VOU!

Dia 8 de Março - Discoteca Estado Novo - 20:30horas


sexta-feira, fevereiro 15, 2008

A Taxa de Cesariana

A cesariana representa mais de 30% dos nascimentos em Portugal.

"É do conhecimento público que a forma de encarar a cesariana, evoluiu significativamente nos últimos vinte anos"… É assim que começa o prefácio do livro "A Cesariana" de Michel Odent, escrito pelo Prof. Jorge Branco.Mas será que é do conhecimento público os riscos.versus.benefícios desta forma cirúrgica de nascer?

Será que existe no público, um sentido de reflexão sobre este assunto?Até que ponto o público conhece os factos, tem interesse em saber e participar numa decisão responsável e consciente sobre esta temática?

Seguramente, não são públicas as taxas de cesariana de todos os hospitais portugueses: públicos e privados...

Também não são públicos os critérios que definem a tomada de decisão para um nascimento por cesariana, nem os procedimentos de atendimento ao trabalho de parto e o parto, que possam ajudar a evitar o desfecho em uma cesariana.

Pública é sem dúvida a ideia que se tem vindo a generalizar, de que nascer por meio de uma cesariana, é…NORMAL!!!! Temos assistido a um crescente aumento das taxas deste procedimento cirúrgico desde os anos 80 , com uma passividade e naturalidade, tanto por parte dos profissionais de saúde, como por parte das grávidas e suas famílias, de uma forma inconcebível, numa sociedade desenvolvida e supostamente civilizada…

Se bem que seja um fenómeno característico da sociedade ocidental e países desenvolvidos, como se explica que em 2006, a taxa de cesarianas tenha sido de:
- de 22 % em Espanha
- de 23 % no Reino Unido
- de 19.6 % em França
- superior a 30 % em Portugal nos hospitais públicos
- superior a 65 % em Portugal nos hospitais privados,


quando se recomenda que essa taxa:

- se situe entre 10 a 15%,pela Organização Mundial de Saúde
- seja inferior a 30 % , segundo o Ministério da Saúde Português !!??

E porquê preocuparmo-nos com estes dados?
Simplesmente porque há riscos acrescidos numa cesariana, muito importantes para a saúde da Mãe, do bebé, e em futuras gravidezes, que não podem ser desvalorizadas, ocultadas ou ignoradas…
Os riscos de uma cesariana quando comparada com um parto vaginal, são os seguintes:

Riscos para a Mãe:

- morte materna: 5-7 vezes superior
- internamento em cuidados intensivos: 2 vezes superior
- hemorragias importantes: 6 a 8 vezes superior
- maior tempo de internamento
- necessidade de voltar a ser internada: duas vezes superior
- infecção e tomada de antibióticos: risco alto*
- dor: risco muito alto*, para dor prolongada nos dias e semanas seguintes ao parto
- complicações pós-operatórias: 1-5 % dos casos de cesariana
- experiência negativa de nascimento: risco muito alto*. Alta probabilidade de não ter acompanhante no nascimento do filho, nem suporte emocional, nem sentir qualquer domínio sobre a situação
- menor contacto imediato com o bebé, não poder vê-lo ou pegá-lo: risco muito alto*

Riscos para o bebé:

- risco de morte: 1.77 por cada 1000 recém-nascidos, contra 0.62 por cada 1.000 recém-nascidos por via vaginal
- corte cirúrgico acidental: risco alto*
- problemas respiratórios: risco moderado a alto* (antes das 39 semanas)
- possibilidade de não ser amamentado: risco alto a muito alto*
- possibilidade de desenvolver asma em criança e / ou adulto: risco alto*

Riscos para a Mãe, em futuras gravidezes:

- aumento da infertilidade: risco alto a muito alto*
- fertilidade reduzida por opção da Mãe: risco alto*
- aumento de gravidez ectópica: risco moderado*
- aumento de problemas com a placenta (acreta, abrupta ou prévia): risco moderado*
- ruptura uterina: risco moderado*

Riscos para o bebé, em futuras gravidezes:

- morte antes do termo da gravidez: risco moderado*
*Classificação do risco (segundo estudos compilados no artigo "What every women needs to know about Cesarean Section" retirado do http://www.chilbirthconnection.org/):
Risco muito alto: 1.000-10.000 em cada 10.000 mães ou bebés
Risco alto: 100-999 em cada 10.000 mães ou bebés
Risco moderado: 10-99 em cada 10.000 mães ou bebés


Poderá o motivo de orgulho nacional: as baixas taxas de mortalidade e/ou morbilidade materna e infantil, justificar e validar a prática desta cirurgia obstétrica?
NÃO!!! Simplesmente pela análise de riscos já descriminada, que inevitavelmente irão fazer subir as ditas taxas, pelas quais tanto lutámos ao longo destas décadas!
O valor recomendado pela O.M.S. é precisamente encontrado, fazendo um rigoroso estudo do balanço risco-benefício, do nascimento cirúrgico, sendo apoiado por diversos estudos de outras entidades (ex.Althade and Belizán,2006**)

Será possível reduzir as taxas de cesariana?
CLARO QUE SIM!! Até quanto, é que é mais difícil saber, bem como quem está verdadeiramente interessado em fazer um esforço por isso…
O Plano Nacional de Saúde (lançado em 2004), estipula que até 2010, a taxa nacional seja reduzida para 20%.
A Maternidade Dr. Alfredo da Costa, em Lisboa, conseguiu reduzir de 34 % em 2006, para 29.8% no 1ºsemestre de 2007¹, tendo implementado algumas estratégias para tentar reduzir mais esta taxa.
O Hospital de S. João, no Porto, pretende chegar aos 25 %*** (conseguiu reduzir em 10%, esta taxa, de 2001 para 2002, e agora pretende reduzir mais 2.2%).
Lamentavelmente, o Presidente do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos e Director de Serviço de Obstetrícia do Hospital de Sta. Maria, Prof. Luis Graça, não acha "excessivamente importante a preocupação pela baixa “forçada” do número de cesarianas"*** e acredita que é possível baixar 2 a 3 %, o que situaria a nossa taxa nacional na ordem dos 30%...

O que será necessário para baixar as taxas de cesariana?
- divulgação dos riscos versus benefícios, baseados em estudos científicos publicados, a todos os profissionais de saúde
- divulgação dos referidos riscos versus benefícios a toda a população, em especial às grávidas de uma forma esclarecedora
- existência de um consentimento informado, compreendido e assinado pela grávida, quando se efectue este procedimento cirúrgico (de forma não emergente).
- um acompanhamento da gravidez de baixo risco por parte dos profissionais de saúde, que promova com segurança e clareza, a via vaginal como primeira opção de parto
- sistemas de controlo e auditoria interna nos hospitais (públicos e privados), que possibilitem que cada cirurgia seja discutida em equipa, chegando à conclusão clara de quais os critérios que justificam a cirurgia
- uma mudança na forma como se encara o parto, ao nível do estudo da medicina, para que este volte a ser vivido como um processo fisiológico e não patológico.

E para quê?
- claro benefício para a saúde da Mãe e do bebé
- claro benefício em gravidezes posteriores
- melhoria na experiência de nascimento para a maioria das mulheres
- melhoria na taxa de sucesso de amamentação e do primeiro contacto Mãe-bébé
- diminuição drástica dos custos associados ao procedimento cirúrgico, e pós-operatório
- diminuição de todos os custos que advêm das possíveis complicação e riscos anteriormente descritos, para o sistema de saúde, e para as Mães/Famílias (internamento mais prolongado, cuidados intensivos, intervenções adicionais, medicação a curto e/ou médio-longo prazo, leite artificial, etc).

Num país com tanta dificuldade em gerir os seus recursos de assistência médica, com baixíssimas taxas de sucesso na amamentação e com graves dificuldades financeiras, esta situação dá que pensar…

Vale a pena proporcionarmos um melhor começo de vida aos nosso filhos e à nossa sociedade, com mais saúde para as mulheres e para as crianças!

Marta Cruz
Vogal da Direcção
HumPar
Fontes utilizadas neste documento:
http://www.childbirthconnecting.org/
http://www.maternitywise.org/
"A Cesariana:operação de salvamento ou industria do nascimento", de Michel Odent, Miosótis, Setembro de 2005
***"Pais & Filhos", edição de Novembro de 2007, artigo: 'Menos cesarianas, mais qualidade',texto de MªJoão Amorim,pág-44-46
"Pais & Filhos", edição de Janeiro de 2006, artigo: "Sai uma cesariana!", texto de Mª João Amorim, pág.13-16
** Althabe F.,Belizán JF,Caeserean section:The paradox.The Lancet 2006:368:1472-3
Retirado de
Artigos Humpar

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

30 Semanas

Apesar de viver cada dia desta gravidez não acho que tenha um comportamento igual às outras grávidas.
Não tenho fotos minhas mês a mês, não bordei nada para o enxoval do meu filho, não vivo obcecada por sintomas imaginários, sei lá que mais ...

Acho que uma foto para representar a gravidez é o suficiente, esta tirada ontem durante a tarde pelo pai babado chega, a barriga não está pequena nem grande demais e numa altura de transição as quase 30 semanas :)

Ainda aqui está e já sinto saudades de me sentir uma autêntica máquina de lavar roupa, foi assim que me senti durante a 25ª e 26ª semana, agora os movimentos são menos e bem mais calmos... já nem me acordam.

Comecei as aulas de preparação para o parto no HSJ... sinto-me completamente deslocada, a enfermeira não perde oportunidade para gozar com a nova ala do hospital para parto natural, com as mães que decidem não se entupir e não entupir os filhos de drogas que Estudos Médicos já provaram ser prejudicial e a Organização Mundial de Saúde recomenda a não utilização, isto sem contar com algumas pérolas lindas como "Se não fizerem como eu estou a dizer depois os bebés têm de ser extraídos a fórceps e ventosas...", bem sem comentários.

No próximo sábado tenho mais uma consulta com a parteira, vou poder ouvir o coraçãozinho do meu filhote mais uma vez, estranho como se tem saudades de um som... de algo que se passa tão perto de mim.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Finalmente em Portugal!!!

Hospital de São João inaugura bloco de partos naturais

O Hospital de São João, no Porto, disponibiliza às grávidas, a partir de sexta-feira, um bloco para partos naturais onde algumas «velhas práticas» foram abolidas e se dá tempo ao tempo para nascer

Os partos induzidos, as anestesias, as tricotomias (rapagem dos pêlos púbicos) e os clisteres estão excluídos do novo bloco, pensado para as grávidas sem pressa, que ali vão poder recorrer à hidroterapia, à música e a exercícios de relaxamento para darem à luz tranquilamente.

Na nova estrutura, a grávida pode escolher a posição que lhe é mais conveniente para dar à luz e praticar exercícios com a bola e a corda de parto.
«A bola permite que a mulher se sente sobre ela e oscile, relaxando a zona pélvica, e a corda, suspensa num ponto alto da sala de partos, pode ser usada para fazer força», explicou Diogo Ayres de Campos, médico responsável pelo bloco de partos.
A episiotomia (corte do períneo, uma área muscular localizada entre a vagina e o ânus, para facilitar a expulsão do bebé) «só será realizada nos casos em que for realmente necessária», sublinhou ainda Diogo Campos, que se congratulou por a taxa desta intervenção no Hospital «ser actualmente de 54 por cento, quando era de 87 por cento há três anos».

«O soro, que costuma ser colocado à grávida assim que esta entra no hospital, também deixa de ser rotina, e a futura mãe vai poder circular num ambiente familiar, sem a presença de estranhos, além de ter à sua disposição chuveiro e banheira com hidromassagem», contou o clínico do Hospital de São João.
Mas apesar de a água ser um recurso para o relaxamento e o amenizar das dores da grávida, o médico do São João exclui a possibilidade de os partos ocorrerem no meio aquático.

«Como são conhecidos casos de complicações em bebés que nasceram neste meio, só faremos partos na água quando houver indicações de que são pelo menos tão seguros como os realizados em ambiente normal», declarou Diogo Ayres de Campos, acrescentando que «o parto na água não é um parto natural».
«Parir na água não é um instinto ou uma tendência natural da mulher», sublinhou o responsável, segundo o qual «o trabalho de parto na água é pacífico, a expulsão do bebé é que é controversa».

A realização do parto fora do ambiente hospitalar também é encarada com renitência por Diogo Campos, segundo quem «em Portugal não existe uma estrutura montada para apoiar esse tipo de nascimento, ao contrário do que sucede em países como a Holanda», onde apenas as gravidezes de risco têm acompanhamento hospitalar.
Apesar de considerar que o país «não está preparado nem tem tradição de partos em casa», o médico reconhece que os enfermeiros obstetras (vulgo parteiros) «podem orientar os partos de baixo risco», devendo «dispor de mais autonomia», um aspecto que «está bem estipulado na lei europeia mas pouco claro na legislação nacional».

Diogo Ayres de Campos revelou-se ainda favorável à criação de casas ou centros de parto, uma vez que Portugal ainda não dispõe de nenhuma estrutura deste tipo.
Para o médico, os centros de parto representam «o equilíbrio ideal entre a casa e o hospital» e, «se são uma solução em muitos países europeus, não há razão para não resultarem em Portugal».
Lusa / SOL

Retirado daqui