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terça-feira, junho 17, 2008

Doulisses

No passado sábado tive o privilégio de poder passar umas 3 horas na companhia de mulheres fabulosas. Mulheres que se juntaram porque sentiam que alguma coisa não estava bem na forma como se nasce em Portugal, por isso decidem estar do lado de outras mulheres naquele momento mágico que é o nascimento de um filho.
Eu fiz a minha formação de Doula à 3 anos, mudou a minha vida de tal forma que nem a consigo imaginar sem toda essa informação, a força que nasceu em mim, o poder que tenho como mulher e que estava abafado revelou-se.

Aproveito para deixar um beijo enorme cheio de mimo, carinho e coisas doces à Barbara, a minha Doula. Esteve do meu lado no momento em que estive mais frágil, em que me sentia mais carente, esteve lá como irmã, amiga e mãe. Ter direito à presença de uma Doula durante o trabalho de parto fez toda a diferença para mim, fez-me sentir protegida e cuidada por alguém que me conhecia e em quem confio plenamente. Não quero de forma alguma minimizar a presença do pai no nascimento de um filho, mas sublinho que, pelo menos, durante o trabalho de parto é bem melhor ter do lado alguém com preparação e conhecimentos para dar uma “mãozinha” a lidar com alguns momentos menos confortáveis.
Eu guardava a presença do pai para o momento do nascimento, e não me enganei, foi a ele que o Pedro viu primeiro.

Doulas de Portugal – webpage ou blog
Lista de Discussão (ou Mailing List) – http://br.groups.yahoo.com/group/doulasdeportugal/

quarta-feira, abril 16, 2008

Plano de Parto

Por mais que goste de surpresas, há algumas alturas da minha vida em que eu as dispenso, o nascimento do meu filho é uma dessas alturas.

Quer pela minha integridade física ou por saber o que é melhor para o meu filho decidi fazer um Plano de Parto. Este documento foi previamente enviado para os Membros do Conselho de Administração do Hospital, para o Director do Serviço de Genecologia e Obstetrícia e mais duas cópias irão acompanhar-me de forma a não haver hipótese de que digam que não tinham conhecimento. Obviamente tentei falar dele à minha médica que se justificou de uma maneira bastante correcta “Eu só faço consultas e esses procedimentos são na sua maioria feitos pelas enfermeiras, o melhor é mesmo falares com elas”, e assim fiz. Tentei falar dele com a enfermeira que nos fez a visita guiada ao Serviço de Urgência de Obstetrícia, que me despachou para a ranhosa que dá as aulas de preparação para o parto, e que acha que eu sou um alien, nunca teve tempo, a conversa com as colegas e os lanchinhos são muito mais importantes. Restou-me a Enf. Lurdes que teve uma pachorra comigo que não lembra ninguém. E a conclusão a que cheguei no final é que esta coisa da Humanização do Parto nos Hospitais é muito bonita mas (sim tem um enorme “mas”) não muda as mentalidades, da mesma forma que umas enfermeiras estão mais orientadas para os cuidados ao parto natural há outras que não, e vai depender mesmo de quem estiver de plantão no dia em que der entrada. Claro que isto não sossega ninguém e não estou com a mínima vontade para me andar a “defender” em pleno Trabalho de Parto, quero é mesmo que me deixem em paz, por isso tive de falar com a minha Doula sobre tudo isto. Para ela não foi novidade, mas o facto de ela ter conhecimento dos procedimentos internos do Serviços de Obstétrica já me deixa mais descansada. Vai ser ela que vai estar do meu lado em casa e depois no Hospital durante o Trabalho de Parto, existe a hipótese de haver uma troca durante todo o processo e na altura da expulsão vai entrar o pai, não que me faça muita falta na altura mas o filho também é dele.

Não estou de forma alguma a descriminar a presença do pai durante o Trabalho de Parto, mas o envolvimento emocional com a situação pode comprometer a lucidez dele e eu preciso ter do meu lado alguém mais consciente e “neutro”, que faça defender os meus direitos sempre que necessário. É que o pessoal médico têm sempre todos muita pressa, não os culpo, quanto mais depressa terminar tudo mais depressa termina o “meu sofrimento” e eles podem dar atenção a outras coisas que não me interessam nem um pouco, mas eu não tenho pressa e o sofrimento do parto é coisa que só a mim diz respeito, não, não gosto de sofrer, só não acho é que seja uma dor má, não é doença nem ferimento que dói, é o meu corpo a alterar-se para fazer o meu filho nascer, não me mete medo nem tenciono lutar contra ela, acho que a entrega é até a melhor solução. Deixar o corpo falar mais alto e dizer o que fazer, a evolução preparou-nos para isso durante anos, eu confio em mim e na minha capacidade natural de parir.

PS – se alguém estiver interessado em receber uma cópia do Plano de Parto tenho todo o gosto em disponibiliza-lo.

quinta-feira, abril 10, 2008

Técnicas de Respiração? Qual Respiração?

Este artigo recebi-o via e-mail, newsletter da Barrigas & Bebés, faz tanto sentido...

“E a respiração? Não vamos aprender a respirar?” Esta é a questão à qual a maioria das mulheres pretende obter a resposta, sobretudo nos cursos e sessões de preparação para o nascimento, porque ainda há muitas mulheres que acreditam na necessidade de aprender a respirar para o trabalho de parto e parto (como se não o soubessem fazer naturalmente).

O Lamaze Institute, que divulgou amplamente esta técnica durante vários anos
(que conhecemos em Portugal por método psicoprofiláctico), vive actualmente uma época de pouca aceitação a nível internacional, exactamente pela imagem de uma preparação para o parto focalizada na respiração.

No entanto, no seu último guia The Official Lamaze Guide, fala-se mesmo de repensar a respiração e relaxamento. Neste guia, a mulher é convidada a encontrar a sua própria respiração consciente, e a procurar outras formas de se manter activa para lidar com as contracções: andar, dançar, massagens, bolas de parto, baloiçar, etc. Resumindo, respirar já não é o ensino ou a prática, do Lamaze Institute.

Todavia, em Portugal, o método Lamaze utilizado nas preparações para o parto continua a ser focalizado na respiração.

E, Infelizmente, nos Hospitais/Maternidades ainda ouvimos:
“Encha o peito de ar, feche a boca e agora faça FORÇA!”

Frase conhecida pela maioria das mulheres que já passou pela preparação para o parto pelo método psicoprofiláctico (ou por um parto vaginal ).

Este tipo de respiração tem tecnicamente o nome de Manobra de Valsalva.

O que dizem as evidências cientificas acerca da utilização desta manobra no parto?

· Recomendações da OMS:

“(...) O procedimento de fazer força na segunda fase do trabalho de parto
A prática de estimular o fazer força de forma prolongada e dirigida (manobra de Valsalva) durante a segunda fase do trabalho de parto é amplamente utilizada em muitas maternidade. A alternativa é apoiar o padrão espontâneo da mulher de fazer força. Vários estudos compararam estas duas práticas (Barnett e Humenick 1982, Knauth e Haloburdo 1986, Parnell e al 1993, Thomson 1993). A força involuntária resultou em três a cinco “forças” relativamente curtas (4-6 segundos) a cada contracção, comparando com forças continuas com 10-13 segundos de duração, acompanhadas por apneia forçada. O segundo método resulta numa segunda fase um pouco mais curta, mas pode causar alterações de frequência e de volume de fluxo cardíaco provocadas pela respiração. Se a mulher estiver deitada de costas, pode haver também compressão da aorta e redução do fluxo sanguíneo ao útero. Nos estudos publicados, o pH médio na artéria umbilical foi menor nos grupos com força prolongada, e havia uma tendência para depressão dos valores de Apgar. As evidências existentes são poucas, mas delas emerge um padrão onde o fazer força de forma prolongada e precoce resulta numa diminuição modesta da duração da segunda fase, mas isto não parece trazer nenhum benefício; parece haver comprometimento das trocas gasosas materno-fetal. A força espontânea curta parece ser melhor (Sleep et al 1989).
Em muitos países, é comum a prática de fazer pressão no fundo do útero durante o segundo estágio do trabalho de parto, com a intenção de acelerar o nascimento. Ás vezes isto é feito pouco antes do desprendimento, outras desde o início do período expulsivo. Além do aspecto do maior desconforto materno, suspeita-se que esta prática possa ser perigosa para o útero, períneo e feto, mas não existem dados de pesquisa sobre este assunto. A impressão é que, no mínimo é usado com muita frequência, sem que existam evidências da sua utilidade”.
(Care in normal birth: A practical guide. 1996, WHO)
· Estudo apresentado Em Janeiro de 2006 o Gray Journal (Jornal Americano de Obstetricia e Ginecologia)

“a diferença tem pouco impacto em todo o tempo do parto, cujos especialistas dizem que pode ir além das 14 horas em média, quando às mulheres foi dito para fazer força em cada contracção, deram à luz 13 minutos mais rápido que aquelas que não receberam qualquer tipo de instrução”. (Coaching women during childbirth has little impact, Dec 30, Reuters)

· A manobra de Valsalva foi ainda identificada como um dos factores de risco de trauma genital em partos vaginais espontâneos e normais, em mulheres primíparas assistidas por enfermeiras-parteiras, num estudo publicado no The Birth Journal em Junho de 2006. (Leah L. Albers CNM, DrPH, Kay D. Sedler CNM, MN, Edward J. Bedrick PhD, Dusty Teaf MA, Patricia Peralta (2006)
Factors Related to Genital Tract Trauma in Normal Spontaneous Vaginal Births Birth 33 (2), 94–100.)

Se experimentar encher o peito de ar, fechar a boca e fazer força, independentemente da posição em que estiver, consegue perceber que o efeito gerado é o contrário ao que o corpo necessita (o períneo é contraído em lugar de descontrair).

Então porque é que ainda se ensina a respirar para o parto, porque motivo as nossas maternidades ainda usam a manobra de Valsalva?

Ao escutar-se os sons e gemidos emitidos pelas mulheres livres durante a fase de expulsão do bebé, facilmente os confundimos com os sons de satisfação de uma relação sexual amorosa.
Quantas mulheres aceitariam ter aulas de preparação sexual em que lhe fosse ensinado como respirar e agir no momento de um orgasmo?

Nós, mulheres, temos de recuperar a confiança na nossa capacidade inata de parir, escutando os nossos instintos, em vez de esperar por ordens externas.
Aos profissionais compete actualizarem-se (e agirem) com base em evidências científicas, deixando o parto fluir naturalmente, no seu processo fisiológico.

O período expulsivo funciona fisiologicamente e não necessita de ser dirigido por técnicas respiratórias.


texto de Catarina Pardal
Professora de Pilates da Barrigas & Bebés e Doula

terça-feira, março 25, 2008

Doulas de Portugal


A Associação Doulas de Portugal vai estar presente na emissão da Praçada Alegria na RTP1, quinta-feira dia 27 de Março e será representadapelas Doulas Bárbara Yu, Cristina Silva e Rosa Maria.
O tema será a humanização do nascimento e o papel da Doula na assistência não médica na gravidez e no parto.